VITOR MIZAEL
“A LIBERDADE É UM PROCESSO INFINITO DE SER”
Curadoria Christiane Laclau
Local: Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea
Endereço: Estrada da Gávea 712, São Conrado ( estacionamento no local )
Abertura: 30 de novembro de 2024, das 16 às 20h
Visitação: 2ª à 6ª feira, das 11 às 18h
(demais dias e horários, sob agendamento)
A liberdade é um processo infinito de ser
A obra de Vitor Mizael se expande por múltiplos meios artísticos e campos de conhecimento, sem deixar de ser criteriosa. A versatilidade rigorosa é, talvez, uma de suas características mais admiráveis. Em A liberdade é um processo infinito de ser estão reunidas diferentes linguagens que o artista paulista trabalha sob um espírito sutil e constante de subversão, que questiona aquilo que se pensa como ordem natural e certa hierarquia de valores.
Nas ilustrações sobre linho, Mizael cria uma aglutinação entre os reinos animal e vegetal. Sua pesquisa parte de acervos científicos para chegar à criação de amálgamas de plantas, serpentes e pássaros, unidos de maneira orgânica, umbilical, como se dependessem um do outro para estarem completos. Já nos tecidos, há um atrito dos pássaros com as plantas, entre o voo preso e uma força que tenta fazer o enraizado voar, desterritorializar-se.
Em outra esfera, um conjunto de pinos de prumo fixados na parede surge talhado de saudações a orixás e entidades, promovendo a interpenetração do campo do enlevo e da espiritualidade com a materialidade do dia a dia operário. A obra “Vernáculo”, composta por 1000 lenços, traz esses símbolos de gentileza e elegância de um tempo passado e que, para Mizael, quase despertam o cheiro de seus avós, que ele sentia ao ser socorrido de uma crise respiratória.
A liberdade é um processo infinito de ser apresenta a trajetória de pensamento livre de Vitor Mizael, fruto de um árduo processo de criação que produz novas simbologias e interroga a ordem e a valoração dos seres e das coisas em suas relações com as questões naturais e sociais. Por meio de uma indagação firme, dura e elegante, o artista desestabiliza noções rígidas de chão e céu, mobilidade e fixidez, centro e margem, aparente e oculto, fim e início… Tudo isso sem deixar a sutileza sair de cena. Uma doce subversão.
Christiane Laclau