RAFAEL PAGATINI

Panoramas do Sul

20º Festival de Arte Contemporânea

Sesc_VideoBrasil

Sesc Pompéia, São Paulo

Curadora geral Solange O. Farkas

03/10/2017 – 18/01/2018


Panoramas do Sul privilegia trabalhos produzidos neste chamado sul global, com artistas mexicanos, colombianos, peruanos, sul-africanos, russos, senegaleses, indianos, além da grande representação de brasileiros. Refletem sobre colonialismo, subdesenvolvimento, crise, festas populares.

Em momentos como o atual, de crises, impasses, catástrofes, disputas narrativas acirradas e constantes reordenamentos sociopolíticos locais e globais, a exposição Panoramas do Sul e os artistas representados nela, trazem à tona o desejo da arte de ampliar e subverter nossas concepções de mundo. Pautada pela vocação política desde sempre, a produção do Sul ganha protagonismo e se refina em um cenário de retrocesso e incerteza, ressoando com potência crescente à medida que se legitima e institucionaliza. A ampliação de sua presença no mundo da arte e o reconhecimento da importância das perspectivas do Sul em qualquer concerto global de vozes tornam evidente o acerto da aposta nesta região simbólica, alinhavada há mais de vinte anos pelo Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil.

Rafael Pagatini participa da mostra com duas obras:

BEM-VINDO PRESIDENTE!

Instalação que parte da catalogação de anúncios de empresas publicados no jornal A Gazeta, de Vitória, entre as décadas de 1960 e 1980. Os recortes relacionam-se aos chamados Grandes Projetos, voltados para a exportação de commodities no Espírito Santo. Marcando o vínculo entre a ditadura militar brasileira e a iniciativa privada, lembram um projeto moderno soterrado pela desigualdade social e por desastres ambientais como a destruição do rio Doce, principal rio do estado, em 2016.

DOPS

Nesta instalação, documentos oficiais do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) estão postos sobre canaletas de madeira, disponíveis para a manipulação do público. São imagens e textos extraídos de um relatório sobre o Concílio de Jovens, evento de esquerda organizado por movimentos sociais e pela Igreja Católica. A aleatoriedade da combinação causa um curto-circuito na pretensa objetividade de um dos principais órgãos repressores do Brasil no século 20.