MANOEL NOVELLO
Gênese, Instalação no Coreto, Projeto Ocupa Coreto
Curadoria e texto Isabel Sanson Portella
Jardim do Museu da República, Rio de Janeiro
21/05 – 28/08/2016
Onde era só, de longe a abstracta linha
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp’rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da Verdade.
Fernando Pessoa, Horizonte
Manoel Novello traz para o ambiente acolhedor do Coreto trabalhos com uma proposta bastante representativa de sua obra. Arquiteto de formação, Novello volta-se para o conceito da gênese do desenho. Partindo do pensamento do artista Paul Klee em que a linha é um ponto que saiu para caminhar, Novello questiona os trajetos que o ponto pode fazer. Utilizando fios coloridos e esferas metálicas, expande seu desenho através de todo o espaço, criando, nas intercessões, formas que brincam com a luz e as cores. O ponto é a semente que contém todas as premissas da criação. É dele que irão surgir concretamente o que a mente engendrou.
Linhas retas que se cruzam sempre estiveram presentes nas obras de Manoel Novello, e surgem da experiência direta com a cor e a estrutura, fazendo da linha uma de suas questões fundamentais. O pensamento construtivo do artista valoriza a modulação dos múltiplos elementos e a síntese das formas, derrubando, desse modo, barreiras entre abstração e figuração, criando um ambiente próprio e autônomo dotado de estrutura específica.
Se o ponto de partida leva a caminhos improváveis, o artista aceita desafios à procura da explosão criadora.
GÊNESE é a representação de uma volumetria arquitetônica, como define seu autor. É também a trajetória da linha. E na essência da palavra encontramos a origem e o nascimento de tudo. É razão e motivo de evolução. É, enfim, causa que concorre para formação de algo maior.
ISABEL PORTELLA