ROSÂNGELA DORAZIO
Inconfissão
Museu Mineiro, Belo Horizonte, Brasil
01/03 – 28/04/2019
Local: Museu Mineiro – Sala de Exposições Temporárias II
Endereço: Av. João Pinheiro, 342, Funcionários, Belo Horizonte/MG
Horário de visitação: de terça à sexta-feira das 10h às 19h, sábado e domingo das 12h às 19h.
Inconfissão, nova exposição de Rosângela Dorazio, será inaugurada no dia 28 de fevereiro, quinta-feira, às 19h, na Sala de Exposições Temporárias II do Museu Mineiro em Belo Horizonte. A mostra será exibida até 28 de abril de 2019.
A artista já participou de várias mostras coletivas e individuais, no Brasil e no exterior, mas essa é a primeira vez que exibe seus trabalhos em Belo Horizonte, cidade em que viveu entre 1979 e 1984, depois de deixar sua cidade natal, Araguari. Rosângela morou também na Espanha e na Alemanha, antes de se radicar em São Paulo, onde desenvolve consistente trabalho artístico.
O processo criativo da artista começa com o registro fotográfico de paisagens sobre as quais interfere com goivas e buris, atacando com o corte o que ali existia. Ela cria imagens para serem desfeitas e transforma a fotografia e a gravura em peça única. Também desenha árvores originárias da flora nacional com nanquim e depois as mancha com café, apagando parte da representação existente. Ao desmanchar o que foi previamente elaborado visualmente, a artista explicita a ação do tempo, deixando claro que tudo que agora está aqui, um dia não estará. Na mostra temporária do Museu Mineiro serão exibidos 11 desenhos, um trabalho em fotografia de grande dimensão, uma instalação e uma projeção em vídeo.
Para Rafael Perpétuo, coordenador do Museu Mineiro: “o gesto de Rosângela Dorazio, no doce movimento do afiado instrumento, violenta e atormenta aquela paisagem estática, dando a ela, nova visualidade carregada do gestual. A artista pinta com o corte seco e tortuoso sobre a superfície, anulando ou descartando, a imagem que ali estava entediada… Também corta, interfere, transforma a matéria de forma indelével, a matar o que deve ser descartado. Porém, Rosângela está além, é para sacrificar a fatura que os mais puros consideram pronta, em prol do risco.”
Para a artista: “Inconfisão junta as palavras inconfidência, relacionada à traição, com confissão, algo que depende de confiança. Juntei estas palavras sagradas no imaginário mineiro para me reconciliar com as minhas origens… Passei um longo período de quase 30 anos sem retornar à Belo Horizonte. Durante muitos anos tive sonhos recorrentes com o Parque Municipal, com as cores e a paisagem dali. Para a exposição do Museu Mineiro fotografei o local para fazer um grande painel que foi cortado pelos instrumentos de gravura e desenhei árvores do mesmo lugar, borradas pelo café. No centro da sala, em uma caixa de goiabada, coloco o peso do meu coração, da terra tirada da casa onde nasci. Falo de questões agrárias, da parte que me cabe, do exílio voluntário, das memórias e dos afetos. São reflexões sobre a vida, a morte, as transformações que executamos em relação a nós e à natureza. Acolho no interior da arquitetura, a fauna que foi atacada pelo corte e pelo líquido.”